Gurdjieff Brasil
|
Formar Tenentes e Domar Cavalos
"O Trabalho é uma luta contra a falsa personalidade,
que se oporá,
sobretudo através da mentira, pois esta é a sua arma mais poderosa."
[1]
|
Nossa luta contra
os Muitos Eus, em busca da unificação interior, deve ser tão séria como um exército
em guerra. Precisamos formar sargentos e tenentes para cuidar dos soldados, das equipes
básicas, e manter as subchefias informadas do objetivo global. Essa formação de chefias
tem algo a ver com domar cavalos. |
Você pega um cavalo selvagem e tem com ele certa
luta, até que o cavalo compreenda quem é que manda. Ele acaba aceitando a autoridade, se
você mostrar certa compreensão da natureza dele.
Há uma luta inicial, mas na verdade é preciso ainda muito tempo de treinamento
rotineiro. Um cavalo pode ser domado, mas mesmo assim tem que ser ainda ensinado.
Portanto, existe primeiro a fase de aceitar a autoridade, em que esta se impõe,
geralmente com força e magnanimidade; depois vem a fase do adestramento, para que
o cavalo domado possa ser útil.
O adestramento vai despertando a inteligência do animal e o vai elevando de nível
(nível de ser). Primeiro deixa de ser um animal totalmente selvagem (wandering by),
depois vai cada vez mais se entrosando com o meio-ambiente, com seu treinador-adestrador,
e compreendendo seus próprios objetivos.
O adestramento faz-se com chicote e torrões de açúcar. Como disse Guevara: "Hay
que ser duro, sin perder la ternura". Mas entra em jogo o fator constância. É
um trabalho que exige tempo, paciência e perseverança.
Pode-se fazer um cavalo bem adestrado dançar, usando por rédeas apenas fitas de cetim.
Gurdjieff disse: "A Paciência é a mãe da Vontade". [2]
[1] P.D.Ouspensky, em
«O Quarto Caminho», Pensamento, p. 162.
[2] M.Nicoll, em «Comentarios», vol 2, p. 113.
|