Olympia
Se a morte viesse agora, eu a receberia de braços abertos, como uma velha
amiga.
Como alguém que muito quero e me despreza.
Como alguém que eu espero e que não vem.
Se a morte viesse agora, neste momento de tristeza
quando a vida se torna tão pesada,
levaria este fardo que já não posso mais suportar.
Eu a vejo por entre as sombras da minha consciência,
como uma dama que me espera na alcova.
A imagem muito parece com o quadro da Olympia de Manet.
Eu a desejo com todo o meu ser, porem eu a temo
como se fosse minha primeira experiência.
Não a busco por que a temo, tenho medo do orgasmo da morte
que não sei onde me pode levar.
Temo a fuga da minha realidade que ocorreria neste orgasmo.
Ela porem me chama, me seduz, mas não vem a mim.
Como se esperasse que eu fosse a ela.
Não! Não vou!
Por entre as sombras da minha mente lá está Olympia,
branca e sedutora vestida com sapatos e colar.
Esperando-me!
Chamando-me!
Seduzindo-me!
Não! Não vou!
Ela que venha a mim.
O que irão dizer de mim quando souberem que fui atrás dela
no bordel do Hades.
Todos saberão que eu a amo e a desejo com este meu amor pecaminoso.
Todos saberiam que me perdi no Hades.
Alguns teriam pena de mim.
Outros fariam julgamentos doentios a respeito deste meu amor.
Outros com ares de caridosos tentariam amparar minha família,
que julgariam ao desamparo.
Não suportaria!
Não! Não vou!
Sou muito orgulhoso para ir ao encontro de Olympia!
José
Carlos Fragomeni
|