Gurdjieff Brasil
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Respostas não tão freqüentes...
Meta
de Gurdjieff
Numa das reuniões seguintes, foi feita a seguinte pergunta: Qual é a meta de seu
ensinamento?
— Tenho certamente minha meta, respondeu G., mas vocês me permitirão não
falar dela, pois minha meta nada pode ainda significar para vocês. Para
vocês, o que conta agora é que posam definir sua própria meta. Quanto ao
ensinamento em si, não pode ter meta. Ele só indica aos homens o melhor meio
de alcançar suas metas, sejam quais forem. A questão das metas é primordial.
Enquanto um homem não definiu sua própria meta, não é sequer capaz de
começar a "fazer". Como se poderia "fazer", se não se tem meta? Antes de
mais nada, "fazer" pressupõe uma meta. [1]
Tornar-se
cristão
"Outra pergunta que foi feita: "Como se tornar um cristão? "
"Antes de tudo, é necessário compreender que um cristão não é um homem que se
diz cristão ou que outros chamam cristão. Cristão é um homem que vive de acordo com os
preceitos do Cristo. Tal como somos, não podermos ser cristãos. Para sermos cristãos,
devemos ser capazes de "fazer". Não podemos "fazer"; conosco tudo
"acontece". Cristo disse: "Amai vossos inimigos", mas como amar nossos
inimigos, quando não podemos sequer amar nossos amigos? Às vezes "isso ama" e,
algumas vezes, "isso não ama". Do modo que somos não podemos sequer desejar
realmente ser cristãos, porque, ainda aí, algumas vezes, "isso deseja" e,
algumas vezes, "isso não deseja". E um homem não pode desejar durante multo
tempo essa única e mesma coisa, porque, de repente, em vez de desejar ser cristão,
lembra de um tapete muito bonito, mas muito caro, que viu numa loja. E, em vez de desejar
ser cristão, começa a pensar nos meios de comprar esse tapete, esquecendo tudo o que diz
respeito ao Cristianismo. Ou, se qualquer outra pessoa duvida que ele é um excelente
cristão, estará pronto a lhe comer ou assar num braseiro. Para ser cristão, é
necessário "ser". Ser significa: ser senhor de si mesmo. Se um homem não é
seu próprio senhor, nada tem e nada pode ter. E não pode ser um cristão. É
simplesmente uma máquina, um autômato. Uma máquina não pode ser cristã. Reflitam: é
possível a um carro, uma máquina de escrever ou uma vitrola serem cristãos? São apenas
coisas submetidas à lei do acidente. Não são responsáveis. São máquinas. Ser
cristão significa ser responsável. A responsabilidade só vem mais tarde, se um homem,
mesmo parcialmente, deixa de ser uma máquina e começa, de fato e não somente por
palavras, a desejar ser um cristão. [2]
[1] «Fragmentos»,
Editora Pensamento, p. 121.
[2]
«Fragmentos»,
Editora Pensamento, p. 124-5.
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