6. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.
7. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
8. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
9. Portanto, orai vós assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o vosso nome;
10. Venha a nós o vosso reino, seja feita vossa vontade assim na terra como no céu.
11. O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
12. Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores
13. Não nos deixeis cair em tentação; livrai-nos do mal; porque teu é o reino o poder e a glória, para sempre. Amém.Mateus 6, 6-13
O trecho acima, que contém a oração "Pai Nosso", faz parte do Sermão
da Montanha [1], capítulos 5 e 6 do Evangelho de São Mateus.
O Sermão da Montanha é uma das mais perfeitas expressões do nosso Eu interno, do nosso
átomo "Nous", do Homem perfeito que está dentro de cada um da nós.
É uma perfeita expressão do Cristo que mora dentro de cada coração. Perfeita, porque
foi verbalizada por Jesus, o Mestre Perfeito, capaz de manifestar com toda a perfeição a
alma do mundo. No Sermão da Montanha, cada palavra, cada figura, cada expressão, tem um
sentido profundo, que fala à alma de todos os homens.
A oração do Pai Nosso é a oração perfeita!
A PreceMas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.
A finalidade primeira de uma prece é a busca de conforto, através do contato do homem
com Deus. Consiste numa experiência individual, sem intermediários, em que o homem
terreno e material, une-se a Deus. Uma experiência entre aquele que ora e Deus.
Não há como auxiliar alguém a fazer uma prece. Não há nada, nem ninguém, que possa
facilitar a chegada da prece aos ouvidos de Deus. Porque Ele está dentro de cada um,
"em oculto".
A prece é uma experiência pessoal e particular.
E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não são palavras, nem cansativas repetições, que fazem uma prece chegar aos ouvidos de Deus. São os sentimentos que estão dentro do coração, e não as belas e eloqüentes palavras.
A prece deve que ser dita com conhecimento e consciência perfeita daquilo que se diz.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
A prece não visa pedir nada a Deus. Mesmo porque, na grande maioria das vezes, não
sabemos verdadeiramente o que é o melhor para nós. A prece é uma elevação do nosso
padrão vibratório; esta elevação é que nos dá o conforto que buscamos.
É uma invocação, uma chamada da energia divina (de alta freqüência), para que desça
até a materialidade do homem (de freqüência muito mais baixa), divinizando-o, mesmo que
seja por um único instante de êxtase.
Para que esta energia de alta freqüência possa ser percebida pela materialidade
humana, tem que ser rebaixada Como se faz com a energia elétrica de alta voltagem,
que deve ser transformada (por um transformador) para que possamos utilizá-la.
A oração do Pai Nosso é uma interessante seqüência de afirmações e petições, que
se inicia num nível vibratório de alta freqüência, altamente mística, e vai
decrescendo até freqüências mais baixas, puramente éticas.
A oração do Pai Nosso é como um caminho, porque passa a energia dentro de um
transformador. O transformador, no caso, é o corpo, com seus diversos níveis de troca de
energia.
As trocas de energia no corpo fazem-se através de plexos nervosos, com ritmos
vibratórios distintos, que se distribuem pelo corpo em locais denominados
"chacras".
A energia divina é chamada, pela invocação de Deus. Entra pelo alto da cabeça, e vai
sendo progressivamente transformada, a cada chacra que passa, até atingir o nível
vibratório do chacra básico (genital), onde se encontra nossa materialidade.
Traz, desta forma, Deus até nós!
Vamos acompanhar, passo a passo, essa transmutação da energia divina, para que tenhamos uma compreensão da grandeza desta oração que Jesus nos deixou.
Plexo Coronário Chamada da energiaPai nosso que estás nos céus.
Esta primeira afirmação consiste na chamada da energia do Alto, na entrada desta energia pelo alto da cabeça, através do plexo coronário, que, segundo os orientais, tem mil pétalas e gira com incrível velocidade.
Pai!
A prece se inicia com a chamada: Pai! Esta simples afirmação, identificando Deus como Pai, é de um extraordinário alcance. Ao chamarmos Deus de Pai, estamos nos identificando como Seus Filhos. Como Filhos, temos a potencialidade do Pai em nós. Nos identificamos com Deus em um nível energético extremamente elevado.
Neste momento captamos a energia do alto!
Nosso
Quando dizemos "Nosso", entendemo-nos como Irmãos de todos os seres. O Pai
é Nosso; não é só meu, porque somos todos Irmãos.
Esta conceituação amplia a anterior. A energia contida nesta afirmação - Pai Nosso! -
é possível explicar, mas é impossível a um ser humano comum sentir esta afirmação
com total percepção de amor. A emoção contida na total compreensão desta afirmação,
seria de tal magnitude, que destruiria o sistema nervoso de um homem comum. A grande
mística, Santa Terezinha, não conseguia dizer a oração do Pai Nosso: quando iniciava a
oração, perdia os sentidos. Santa Terezinha, nesse momento, tinha percepção e
consciência desta energia de altíssima freqüência. Freqüência que o organismo humano
não tem estrutura para suportar.
Que estás nos céus
Deus que está em toda parte, que impregna tudo, que É! Este é o conceito que Deus
transmitiu a Moisés, quando este perguntou-lhe quem Ele era. A resposta foi:
- "Sou aquele que É!"
Nesta primeira afirmação da oração, temos a identificação de Deus, e a chamada do
"Nome de Deus".
"Aquele que É"! Jafé! Jeová ! Iod-Hé-Vau-Hé!
Nome que a boca humana não é capaz de pronunciar!
Explicar tais conceitos é possível; senti-los, entretanto, é totalmente impossível ao
ser humano normal. Como se pode ver por este início, o que está escrito nos evangelhos
transcende em muito a aparente simplicidade das palavras. A grandeza do Evangelho não
está na letra morta, mas no espirito de quem o lê.
O Evangelho é vivo!
Santificado seja o vosso nome.
Para entender esta petição, temos que antes entender o que quer dizer
"santificado".
Santificado - "Que seja considerado Santo".
Santo envolve o conceito de perfeição e de universalidade
Nome - O nome não é como imaginamos, uma palavra que designa alguma coisa.
Nome é a vocalização ou a materialização de um ser ou objeto.
O Nome de Deus é impronunciável!
Segundo os judeus, esse Nome só era pronunciado em determinado dia, no âmago do
Santuário do Templo, pelo Supremo Sacerdote. O nome é a excelência do ser ou do objeto.
O Nome de Deus é a essência de Deus - é o próprio Deus!
Nesta petição mística, pedimos que Deus seja aceito por tudo e por todos, como a
perfeita harmonia universal (Santo). Como sendo "Aquele que É"!
Que Deus seja a harmonia total, e que tudo e todos sejam o seu reino!
Aqui está expresso o conceito maior da unidade. Tudo e todos são Um! Este conceito não
pode ser percebido pelos nossos sentidos.
Com esta petição mobilizamos a energia pela passagem no Chacra Frontal. A energia
transformada, neste ponto, já permite uma certa compreensão, que muito se aproxima de
uma inspiração, e que pode ser percebida através da região frontal ou do
"terceiro olho".
Venha a nós o vosso reino
Na petição anterior pudemos ter uma pequena inspiração do que seja o "Reino de
Deus". Nesta segunda petição mística, pedimos que este "reino", esta
harmonia de todos e de tudo, venha a até nós.
O reino de Deus manifesta-se através do Verbo! "No inicio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1, 1).
O Verbo, o Logos, o Cristo, se manifestam pela palavra. Através da palavra é que podemos
materializar a energia que vem de outros níveis.
Sabe-se hoje que o som é a energia vibratória que mais próximo se encontra da matéria.
Com facilidade materializamos um som, fazendo vibrar a limalha de ferro em um placa,
formando figuras.
O som e o Verbo manifestam-se através do Chacra Laríngeo, onde encontra-se nossa
capacidade de expressão pela palavra.
O modo do Reino vir até nós é através do nosso Chacra Laríngeo. A conceituação
expressa nesta terceira afirmativa movimenta o Chacra Laríngeo, pela passagem da energia
divina por ele.
Na simbologia da Torre de Babel, podemos observar que a perda do reino (harmonia entre os
homens), deu-se pela perda da possibilidade de expressão pelo homem. A perdição do
homem foi pela perda da palavra, em conseqüência de sua presunção.
Notamos que, a cada descida da energia divina, fica-nos mais acessível o entendimento.
Seja feita vossa vontade assim na terra como nos céus.
Claro que a vontade de Deus se fará sempre em todos os lugares! Independendo da nossa
vontade e das nossas rogativas. Nossa vontade não é oriunda da mente racional, como
muito pretensiosamente julgamos. A vontade é um impulso que parte de dentro do coração,
que a mente transforma e adapta às suas necessidades.
Vemos no Evangelho que muitas vezes Jesus afirma este conceito - "Porque pensais
assim em vossos corações".
Que nossos corações aceitem e entendam a "Vontade de Deus"! Esta é a síntese
da quarta petição.
Neste ponto a energia é transformada pela passagem pelo plexo do Chacra Cardíaco.
A petição é de que nosso coração tenha o entendimento desta Vontade. Que esta vontade
seja aceita tanto em cima como embaixo (na terra como nos céus).
A afirmação adquire aqui uma conotação interessante. O Chacra Cardíaco é o chacra
que fica no meio do corpo.
A figura de céu e terra, colocada neste ponto da oração, é de uma clareza e de uma
beleza poéticas.
Podemos ver que a cada descida da energia, fica mais compreensível o entendimento, e mais
clara a correlação com os plexos energéticos (chacras) do corpo humano.
Neste ponto encerram-se as 3 petições que são de conteúdos místicos, passando-se às
4 seguintes que são de conteúdo ético.
O pão de cada dia dai-nos hoje.
As petições éticas são de mais fácil entendimento. A energia já se encontra em
níveis vibratórios próximos à nossa consciência.
De uma forma poética, o pão está representando todas as nossas necessidades de
sobrevivência neste mundo. Difícil achar forma mais clara de expressar tal abrangência.
"O pão de cada dia dai-nos hoje" - não o pão do dia de amanhã: somente o de
cada dia, a seu tempo.
Esta petição envolve não só a satisfação de nossas necessidades materiais, como
também as psicológicas, pedindo que tenhamos confiança e fé de que o pão de amanhã
será servido a seu tempo. Que não tenhamos ambição e ganância para acumular tesouros
terrenos, que as traças e a ferrugem destróem.
A primeira petição ética é claramente a ativação do Plexo Solar, Umbilical ou do Estômago, que é representado pelo Chacra Umbilical.
Perdoa as nossas dividas, assim como nós perdoamos os nossos devedores.
Esta petição, que de inicio parece mística, é uma forte petição ética, como
vamos ver a seguir. Nas nossas dívidas estão as nossas culpas. Quando temos culpa,
ficamos vinculados a essa culpa de uma maneira quase física.
A culpa nos prende pela emoção. A emoção é diferente do sentimento; é acompanhada de
manifestações físicas (calafrios, rubores, suores, arrepios). As emoções são
percebidas através do abdome. Os vínculos obsessivos com entidades espirituais fazem-se
através do Plexo Esplênico.
Como é possível perdoar nossas culpas? Seria injusto Deus perdoar uns e não perdoar
outros. Não é Deus que perdoa nossas culpas, somos nós mesmos! Perdoamos na medida em
que nos tornamos capazes de perdoar os nossos devedores. Quando conseguimos perdoar nossos
devedores, desfazemos esse vínculo esplênico da culpa.
Perdoar os nossos devedores não é uma atitude mística, e sim ética.
Perdoar, ou não, os nossos devedores, é mais importante para nós do que para o devedor.
Perdoar é uma atitude lógica, racional, e do interesse de cada um. Na medida em que
perdoamos é que somos perdoados. Por mais que sejamos perdoado, só estaremos perdoados,
quando nós mesmo nos perdoarmos!
Esta segunda petição ética é colocada de uma forma impressionante sobre o Plexo
Esplênico, orientando a forma com que a energia tramita por este chacra.
Não nos deixeis cair em tentação.
Esta petição tem características muito interessantes. Não se pede aqui para que
não existam tentações. Também não se pede que não sejamos submetidos às
tentações. Que existam! Que sejamos tentados! Que tenhamos força para não cairmos
nelas!
Não podemos evitar as tentações da matéria, porque vivemos nela. Viver na matéria é
a principal finalidade de nossa existência neste "eon". Não podemos pedir que
nos liberte do mundo! Pedimos que não fiquemos presos às tentações do mundo. Que
saibamos viver no mundo sem ficarmos presos às coisas terrenas.
Com esta terceira petição ética chegamos com a energia divina até nossa materialidade
terrena.
Nossos plexos Sacro e Genital (básico) são a parte do nosso corpo que nos põe em
contato com o mundo material.
Neste ponto, temos mais uma interessante colocação desta prece, quando separa o chacra
sacro do chacra básico. Há entre os estudiosos dos chacras aqueles que os consideram
como um único chacra. Provavelmente com a intenção de que o número dos chacras sejam
sete. Na prece, os chacras sacro e básico aparecem separados de uma forma bastante sutil,
o que dá margem a interpretar os chacras como sete ou oito. A ultima petição pode
parecer incluída nesta.
Livrai-nos do mal.
Esta ultima petição ética é de difícil interpretação. Ficou claro na petição
anterior, que a tentação não é o mal.
O que seria este mal? Poder-se-ia entender o mal como sendo o caminho da satisfação dos
sentidos, o mergulho do homem na sua materialidade. Sendo este caminho uma opção de fé
e de vida. Alegam alguns magos negros que esta seria um opção divina. Já foi o próprio
Deus que nos colocou os sentidos e nos proporcionou o prazer em satisfazê-los.
A doutrina de Jesus é clara em mostrar que é mesmo necessário que tenhamos nossos
sentidos satisfeitos, até o momento em que tenhamos chegado ao fim do poço da jornada da
satisfação destes sentidos. Para então reiniciarmos o caminho de volta a Deus. Como bem
está demonstrado na parábola do Filho Pródigo.
O homem é sem duvida muito mais que a sua materialidade. A plena satisfação da
materialidade não conduz o homem á felicidade. Este fato está sendo demonstrado de modo
prático e claro, neste fim de ciclo pelo qual estamos passando. O homem vem tendo todas
as suas necessidades satisfeitas pelo progresso da ciência e da tecnologia, sem que isto
o torne mais feliz. Esta interpretação não faz sentido, não só nesta prece, como
também não se sustenta por si mesma.
O verdadeiro mal também não consiste em se ser mau. A grande maioria dos que são maus,
o são por defesa, por medo, ou por ignorância. "Deus faz nascer o sol todas as
manhãs igualmente para os bons e para os maus". Não se pode aceitar que exista um
mal organizado, que se contraponha ao bem e à harmonia de Deus. Desta forma estaríamos
aceitando um Deus que não seria onipotente. Não há dualidade entre bem e mal.
Fazer o mal gera uma reação externa, que se volta contra o próprio homem, criando
agressões dos outros homens ou do meio.
Quanto mais adiantado o homem, fazer o mal gera uma desarmonia interna que o faz sofrer. O
homem está no mundo para evoluir e crescer, na compreensão deste ciclo evolutivo. Sendo
mau, vai de alguma forma movimentar forças que se voltarão contra ele, não com o
intuito de puni-lo, mas de educá-lo na compreensão deste ciclo evolutivo. Desta forma,
vemos que ser mau não é o verdadeiro mal.
Estas observações levam-nos a admitir que o verdadeiro mal está na inércia do homem.
O mal está em ser morno, não ser frio nem quente. O mal está em não usar os
"talentos" com que fomos brindados.
O mal está em ficar parado! - Conforme foi dito pelo próprio Jesus.
Com esta ultima petição, se encerra esta maravilhosa oração.
A energia divina foi trazida até nós, rebaixada gradualmente através dos nossos
vórtices de energia (chacras), vindo finalmente nos dar um impulso de vida. Impulso para
que sigamos adiante!
Para que andemos!
Para que vivamos!
Por que vivendo, bem ou mal, certo ou errado, inevitavelmente estaremos cumprindo a
Vontade de Deus que está em nós!
Amém!
[1] Ver também As Bem-Aventuranças e O Sal da Terra, partes iniciais de "O Sermão da Montanha".
Interpretação de José Carlos Fragomeni.
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Atualizado: jul 99.